segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Olé!

Sabe quando um time de futebol joga "dando olé"?
Significa jogar simples, rápido, de forma objetiva, com poucos toques na bola, visando envolver o adversário e chegar mais facilmente ao objetivo, ou seja, o gol.
Invariavelmente, as equipes "dão olé" somente DEPOIS de conseguir um placar vantajoso, depois de um jogo difícil, complicado, de tentativas e erros.

Há algumas semanas, o tio de um grande amigo meu faleceu.
Trabalhava como minerador, em outro Estado.
Já a família, morava por aqui mesmo. Era pago pra passar dez dias no emprego, alguns outros tantos viajando. Com esposa e filhos, passava cerca de 15 dias.

Como era um homem "ambicioso", resolveu que dedicaria à empresa 20 de seus dias do mês. O dobro do necessário. 
Dizem os amigos que tanta dedicação tinha o propósito de conseguir "ampliar um pouco mais a perspectiva de salário".
Dizia ele que tinha vontade de proporcionar um futuro melhor para o filho.

Faleceu em um acidente de trabalho.
Que ocorreu na segunda dezena de dias.

Dia desses, aqui em Porto Alegre, um empresário foi assassinado durante uma tentativa de assalto. A ocorrência se deu por volta de 23:30, mais ou menos. Quando o empresário estava saindo de seu trabalho.
Ao ouvir o tiro, o irmão da vítima, que (também) trabalhava no prédio, saiu para a rua, como faz todo o curioso. Quando pisou na calçada, deu de cara com o corpo já praticamente sem vida. Sua primeira frase foi:
- "Ele trabalhava até essa hora pensando na família..."
Deixou um filho de seis anos.


Continuem acompanhando o raciocínio, e vocês verão onde quero chegar.


Posso apostar que, caso o tio do meu amigo (ou o empresário assassinado dia desses...) tivesse sobrevivido, estariam hoje completamente arrependidos. Andariam ambos por aí, aplicando aquele discurso:
- "Depois dessa experiência, passei a enxergar a vida com outros olhos. Agora me dedicarei ás coisas verdadeiramente importantes, como a felicidade da minha família".


Agora vem o link com a primeira parte do texto


Isso tudo, pra mim, soa como "dar olé" em final de jogo.
É como botar uma tranca numa porta recém arrombada.
Não sei se sou mais inteligente, ou mais burro por causa disso.
Mas eu cheguei a uma conclusão na vida, que a mim soa bastante óbvia: não preciso de uma experiência "quase mortal" para viver de outra maneira.
Já entendi quais são os verdadeiros pilares da humanidade.
E entre eles, definitivamente não estão o dinheiro, a promoção, a roupa que vestimos ou o carro em que andamos.
Os casos que citei acima são apenas dois aos quais tive contato.
Isso deve acontecer todo santo dia. Talvez não com finais tão trágicos quanto a morte. Mas com resultados bastante negativos, principalmente a longo prazo.

Quer pensar na família?
Então esteja com ela, constantemente.
Está pensando no futuro do seu filho?
Então seja um pai presente.

Ok, ok... seu filho vai precisar de uma estrutura, de dinheiro. Sim, eu sei.
Para uma coisinha ou outra, realmente é preciso de dinheiro.
Mas a presença do pai (ou da mãe), é vital.
Quer dedicar-se a alguma coisa?
Dedique-se a quem você ama...
Quer vestir alguma camiseta? Vista também a camiseta do time do seu filho, a camisa da sua esposa, a sua...

E permaneça vivo. Com vontade de viver. 
Com razão para viver.
Talvez você possa me explicar por que os times de futebol não jogam "dando olé" desde o primeiro apito do juiz....


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